segunda-feira, 26 de julho de 2010

A curtição de garimpar um bom vinho

Como diz o magnânimo enólogo Robert Parker ( e logo ele...): “Vinho bom, é o vinho que você gosta”. Eu gosto muito desta frase, por que resume o que os países que consomem vinho a mais tempo já sabem a séculos.

Segundo me contaram em um curso da Expand (aliás divertidíssimo), os principais responsáveis por levar o vinho aos 4 cantos do globo, foram os italianos. Os gregos e egípcios já bebiam vinho, os franceses foram os responsáveis pela sofisticação e aprimoramento da qualidade, mas foram os italianos que levaram o vinho para outros países.

Isso aconteceu por que a grande maioria dos italianos bebe vinho todos os dias, e quando saiam da Italia, levavam algumas mudas de diferentes uvas para preparar o seu próprio vinho. Alguma dúvida de que estes vinhos não seriam lá essas coisas?

Ainda hoje é comum as famílias italianas comprarem vinhos em barris e engarrafar em casa, e distribuir a amigos e vizinhos. Um amigo francês me comentou uma tradição, de sempre comprar uma caixa de um bom vinho (de guarda) em anos especiais, como casamento de algum membro da família, nascimentos, conquistas, vitória do time de futebol, entre outras datas, para abrir depois de 18 ou 20 anos. Imagine que barato você celebrar os 18 anos do seu filho com um vinho do ano que ele nasceu!

Os chilenos compram vinhos baratíssimos nos supermercados, que por sua vez contam com gôndolas e mais gôndolas de bons vinhos a menos de 10 ou mesmo 5 dólares. Voltando aos franceses, todos que viajam para lá descobrem que tomar uma taça de vinho pode ser até mais barato que uma Coca Cola.

Como diz o meu tio uruguaio, Boy Lannes: “ o que é bom, é bom”. Profundo... É obvio que um vinho de R$ 100, R$ 150 ou R$ 200 tem grandes chances de ser melhor que um vinho de R$ 20. Mas tirando os chatos, os deslumbrados, os milionários, e principalmente os novos ricos, ninguém toma vinho de R$ 150 todos os dias. É inclusive, em minha opinião, um desrespeito ao próprio ritual que envolve o vinho. Vinho especial merece momentos especiais, mesmo que seja celebrar o fim da semana de trabalho, abrindo um bom vinho, acompanhado de um bom queijo.

Eu tomo vinho praticamente todos os dias, e sempre procuro vinhos ao redor de R$20 para tomar no jantar. Uma das formas mais interessantes e eficientes de achar os bons vinhos custo/benefício é pedir sugestões em boas adegas. Eu gosto das pequenas, que muitas vezes trazem rótulos de vinícolas menores, e adoram contar a história daquele achado. Você sempre vai achar boas dicas como Alfredo Rocca, Santa Alvara, entre outros. Vou começar a fazer uma lista para o blog.
Outra coisa que eu adoro fazer é comprar vinho em minhas viagens para Argentina, Chile, EUA e Europa. Você compra excelentes vinhos, que muitas vezes não chegam ao Brasil, por preços indecentes. Sempre trago as garrafas na mala, envoltas em meias, roupas, jornal, ou o que puder usar. Nunca tive problema, e já fiz isso muitas vezes.

Um barato é você comprar rótulos desconhecidos, para aumentar ainda mais a curtição. Todo mundo traz o bom Luigi Bosca de viagem, mas poucos trazem o Sol y Suelo, que eu paguei R$ 25 no centro de Bs.As.

Em nossa recente viagem a Bs.As. conhecemos um simpático casal que resolveu começar uma brincadeira muito legal. Resolveram ir atrás de rótulos do livro “1001 vinhos para beber antes de morrer” . Essa brincadeira chegou a ter desmembramentos de caça ao tesouro, onde certa vez em Napa eles foram atrás de um rótulo de uma pequena vinícola, de um ano que foi memorável. Não encontraram depois de vasculhar várias adegas, até que em uma delas, ao ir embora , no momento em que davam marcha ré, a vendedora saiu correndo atrás do carro, gritando que havia encontrado duas garrafas no depósito. A graça não é necessariamente pagar US$ 50 mil em uma garrafa de Cheval Blanc 47, que foi considerado o melhor vinho já produzido na história, mas na garimpagem, que certamente renderá mil histórias. Eles até compraram uma mala de vinho para 12 garrafas, que a levam para qualquer país que produza vinho. Tudo pela curtição, sem frescura, e sem deslumbramento. Eles nunca colocam o preço como principal atributo pelos vinhos que compram, mas contam as histórias com muito orgulho.

Vou começar a escrever sobre adegas bacanas que eu conhecer.

Saúde!

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